quinta-feira, março 31, 2005

Dêem uma olhada aqui Cinco Contra Um.
Blog novo, coletivo (adoro blogs coletivos), muito bom.
Tem texto meu também como convidada da semana.

terça-feira, março 15, 2005

Crônicas do Caminhar (ou coisas para se pensar quando se é obrigada a andar)

Final de tarde, horário de verão. Estava indo pro trabalho atrasadíssima, pra variar, rogando a deus que me enviasse um ônibus para que se simplificasse um pouco a minha via crucis.
Nisso, passa o meu ônibus preferido, o mais-que-perfeito do transporte coletivo... duas quadras de onde eu estava. Procurei então explicar de novo pra deus, bonitinho, que o veículo deveria estar chegando ao ponto pelo menos junto comigo, senão não adiantaria muito, etc e tal. Estou quase chegando na esquina do ponto, ouço um roncar de motor. Felicidade, expectativa... é ele?!?!?! Paro na esquina, olho; o ônibus lá no semáforo, paradinho, me esperando chegar. Seu ponto final: em frente ao meu trabalho. Só um pequeno detalhe me atrapalharia a felicidade: não aceitava os meus passes.
Vou eu de novo explicar pra deus a diferença entre municipal e intermunicipal, diferenças monetárias, vale-transporte e adjacências, com a maior paciência, tudo muito rico em detalhes, coisa e tal, que era pra ele entender bem do direitinho.
Outro ônibus vira a esquina: “Ah, aprende rápido, heim nego?”
Era o mesmo. Que o outro. O que não aceitava o meu passe. Toda a minha categórica explicação ignorada, lançada às traças celestes.
Aí comecei a xingar, lógico. Que aquilo não se fazia. Que eu não era lá muito devota mesmo mas aquilo também já era demais. Ofendi. Ah, falei mesmo. Falei que pra mim ele não passava de... de um alter ego mal resolvido. Falei que ele não passava de muleta da humanidade.
Puxa, eu PEDI, eu EXPLIQUEI, para que não houvessem duvidas a respeito das minhas preces. E o que “Ele” fazia? Tirava uma onda com a minha cara.
Agora, isso também não poderia ficar assim, porque eu queria, na verdade, eu
EXIGIA um ressarcimento daquele ultraje a que ele havia me feito passar.
Bom, está certo que eu até que estava tendo uma semana muito boa, havia conseguido algumas coisas que de há muito estava querendo, mas não era justo. Sei lá, queria qualquer coisa, ver uma pessoa bonita, uma coxinha com catupiry de verdade, ele que se virasse.
A esta altura do campeonato, no auge das minhas reinvidicações, após ter desistido, inclusive, de tomar um ônibus, passo pela praça. Praça... árvores...é, pois é isso mesmo. Pluft! Bem na minha cabeça. “Oh ira negra que me consome!!”.
Mas seria ou não seria? E a coragem de conferir? Claro, com o senso de humor que o cara tinha, boa coisa é que não poderia ser. Se fosse aquilo, eu iria ficar com a mão toda suja e nojenta, o que só iria piorar a minhas situação. Bom, poderia ser uma frutinha, uma semente meio pesada, sejamos plausíveis.
Andei vários metros com aquela coisa não identificada nos cabelos até que o pânico me dominou: e se fosse... um bicho? Lá, grudado nos meus cabelos, tão perto de mim... Arph!!! Aquela palhaçada já havia ultrapassado todos os limites.
Dei um tapa no cabelo. Senti. Não era aquilo. Menos mal. Mas poderia ter sido um bicho, ah, poderia.
Quase podia ouvir as Suas gargalhadas, divertido que era aquilo tudo.
Estava quase me empolgando e começando a xingar de novo mas considerei ser mais razoável ficar quieta já que Alguém tem uma personalidade que não prima exatamente pelo bom senso.
Depois, ainda reclama que os homens estão perdendo a fé.
Faça-me o favor...

quarta-feira, março 09, 2005

Os Grandiloqüentes Também Amam - capítulo II

OS GRANDILOQÜENTES TAMBÉM AMAM
Una novela de Andréa Muroni e Julio Castro
Participação especial de Marpessa de Castro

No capítulo anterior, Soraya Guadalupe ria misteriosamente, enquanto Carmelita Augusta e Pablo Roberto se desentendiam mais una vez.
Carmelita Augusta, indignada, com os lábios trêmulos, chorosa, mas sem borrar a maquiagem, corre atrás de Pablo Roberto, que se volta, em close.

Carmelita Augusta: Quer dizer então que o senhor acha que yo devo me atualizar no que concerne à la cultura mexicana? Há, Há, Há, Há, Há de novo. Além de torpe, o senhor es demodé. Chispita e Os Ricos tbém Choram estão más do que ultrapassados. Jamás ouviste falar em Beth, a Feia? O em Pedro, lo Escamoso? O, ainda en lo ar, Alegrifes e Rabujos? Atualize-se o senhor, senhor Pablo Roberto. El dia em que, caso os anjos digam amém e iluminem su desditoso caminho, o senhor tiver la grandissíssima honra de confabular novamente com el adorável e belo ser que soy, terá a oportunidade de ver que paira alreredor de mi, la aura magnífica de Guadalajara. Inclusive, pretendo tentar la vida em Puebla ou em Cuernavaca como roteirista. E yo posso saber pq o senhor liga para mim e fala com Fabrícia? Humpf digo yo.

Pablo Roberto: Pudera, Senhora Carmelita Augusta Muroñi, espantar-se com el fatídico gosto no que se refere a cultura pós-moderna e underground mexicana...Las 'pérolas' que descrevestes em su tão erudita confabulación, no passam de meras obras superficiales e 'tennager' para adolescentes sexualmente desafortunadas. Yo esperava mais de usted. Afinal, una senhora que em primeiro momento se apresenta tão nobre e retentora de uno talento verossímil, jamás poderia chamar 'Los Ricos também Choram' de dèmodé y menosprezar la magnífica obra dramática de 'Chispita'. Essas modernidades que acometem la dramaturgia de raíz vindas del México cegaram-na como a milhares de personas. Recuso-me, a partir de ahora, discutir contigo qualquer linha dramática referente à persongem Michelina de la novela 'Jerônimo', las artimanhas idiossincráticas por trás de 'La Cortina de Vidro' e jamé tecerei comentários sobre la metalingüistica empregada em “Mi hijo, mi vida”.
Mas.... (rufam los tambores e lo close fecha, ora em uno, ora em otra)... lanço mão de uno desafio: analise las entrelinhas de la Professora Helena, encontre todas las passagens gnosiológicas e depois venga tentar manter uno diálogo decente comigo!!!! Por hora abro mano de los 'humpfs' já tão clichês em las conversas de nosotros.

Carmelita Augusta, com os ojos rasos d’água, faz no com la cabeça.

Pablo Roberto chega em su casa, bate la puerta, lança-se à cama y deixa cair una lágrima em close enquanto sobe una música latina com a expressão 'mi coracion esta partido' tocada com o violino em escala de lá-mayor.
(continua no próximo capítulo)