Em animada palestra telefônica com meu irmão Júlio, expus a obsessiva perseguição da palavra portentosa à pessoa de minha mente. A título ilustrativo, repito que a mesma tem sambado em meus pensamentos, tendo, inclusive, ensaiado alguns passos de merengue e maxixe em total desacordo com minha tão reconhecida sobriedade.
Júlio, tentado pelas delícias da lingüística, pediu-me que não lhe revelasse o significado literal da palavra para que ele pudesse divagar a respeito.
Segue, a seguir, a descrição sumária que ele fez, com pouquíssima ajuda minha, diga-se, sobre sua interpretação de tal adjetivo: a mocinha portentosa (que, de início, diz Júlio não poder ser chamada assim pois seria redundância já que, portentosa traz em si incutida a pessoa da mocinha), enfim, a portentosa é uma moça baixinha, domadora de pôneis e que usa salto plataforma. Se eu direcionar a minha visão, que é diferente, mas se fizer de conta que estou vendo como ele vê, colocaria em suas mãos um chicotinho (para domar os pôneis de forma mais enérgica, caso seja necessário). Além do salto, que TEM de ser plataforma, ela é uma pessoa brava (mais um incentivo para o uso do chicotinho) e sempre, sem exceção, uma mulher. Discutimos, não mentirei, sobre a aparência do vulgo portentoso mas além da falta de graça do homem baixinho, montado num salto a domar pôneis, acresça-se aí o desagradável hábito de cuspir, visualizado de forma muito clara por meu imaginativo irmão. De minha parte, ele teria mullets e a plataforma estaria sob botas (permaneceria o chicotinho). Desta forma, achamos por bem que portentoso não existe, sendo palavra de uso exclusivo para mulheres (mas só para as baixas, de salto plataforma e domadoras de pôneis).
Muito me entristeceu ter de desvanecer nele imagens tão bem criadas e providas de tão ricos detalhes psicológicos e, inclusive, de vestuário, mas assim é a vida e a sintaxe está aí, para não me deixar mentir.
De acordo com Aurélio Buarque de Hollanda: “portento: sm. 1. Coisa ou sucesso maravilhoso. 2. Pessoa de inteligência incomum. [Sin. ger.: prodígio.] por.ten.to.so (ô) adj.”.
Como pode-se observar muito bem, não há qualquer menção aos saltos ou mesmo aos pôneis, sendo estes queridos ou não.
De minha parte devo dizer que considerei a significação da palavra muito de acordo com minhas expectativas, mas creio fazer-se necessária a criação de vocábulo que possa travestir imagem elaborada por pessoas tão portentosas como eu e meu querido irmão, a que, a meu ver, poderia ser chamada, sem prejuízo sintático e visual, de caranguejeira-anã, ou pseudo-labareda. A escolher.
Júlio, tentado pelas delícias da lingüística, pediu-me que não lhe revelasse o significado literal da palavra para que ele pudesse divagar a respeito.
Segue, a seguir, a descrição sumária que ele fez, com pouquíssima ajuda minha, diga-se, sobre sua interpretação de tal adjetivo: a mocinha portentosa (que, de início, diz Júlio não poder ser chamada assim pois seria redundância já que, portentosa traz em si incutida a pessoa da mocinha), enfim, a portentosa é uma moça baixinha, domadora de pôneis e que usa salto plataforma. Se eu direcionar a minha visão, que é diferente, mas se fizer de conta que estou vendo como ele vê, colocaria em suas mãos um chicotinho (para domar os pôneis de forma mais enérgica, caso seja necessário). Além do salto, que TEM de ser plataforma, ela é uma pessoa brava (mais um incentivo para o uso do chicotinho) e sempre, sem exceção, uma mulher. Discutimos, não mentirei, sobre a aparência do vulgo portentoso mas além da falta de graça do homem baixinho, montado num salto a domar pôneis, acresça-se aí o desagradável hábito de cuspir, visualizado de forma muito clara por meu imaginativo irmão. De minha parte, ele teria mullets e a plataforma estaria sob botas (permaneceria o chicotinho). Desta forma, achamos por bem que portentoso não existe, sendo palavra de uso exclusivo para mulheres (mas só para as baixas, de salto plataforma e domadoras de pôneis).
Muito me entristeceu ter de desvanecer nele imagens tão bem criadas e providas de tão ricos detalhes psicológicos e, inclusive, de vestuário, mas assim é a vida e a sintaxe está aí, para não me deixar mentir.
De acordo com Aurélio Buarque de Hollanda: “portento: sm. 1. Coisa ou sucesso maravilhoso. 2. Pessoa de inteligência incomum. [Sin. ger.: prodígio.] por.ten.to.so (ô) adj.”.
Como pode-se observar muito bem, não há qualquer menção aos saltos ou mesmo aos pôneis, sendo estes queridos ou não.
De minha parte devo dizer que considerei a significação da palavra muito de acordo com minhas expectativas, mas creio fazer-se necessária a criação de vocábulo que possa travestir imagem elaborada por pessoas tão portentosas como eu e meu querido irmão, a que, a meu ver, poderia ser chamada, sem prejuízo sintático e visual, de caranguejeira-anã, ou pseudo-labareda. A escolher.