domingo, dezembro 26, 2004

BLOG NOVO DE NOVO

Estou de blog novo: A ESTRUTURA NATURAL e outros temas. O endereço é estruturanatural.blogspot.com. Textos esparsos.

sábado, dezembro 25, 2004

Não queria contar isso não. Até consigo imaginar a Marpessa me passando o rodo depois, questionando a veiculação de "minha vida patética" na rede. Mas, como o fim supremo é a literatura (ai) eis:
Semana passada estava voltando para casa num dia sem nenhuma, mas nenhuma pelúcia. A festa de aniversário do Marcelo seria no final-de-semana e eu, auto-suficiente, que deveria fazer tudo, não tinha ainda feito nada. Tinha muito, muito trabalho na biblioteca e, ficara sabendo que não teria meu contrato renovado.
Bom, indo para casa com a cabeça a mil, acontece o inesperado. Minhas saias são todas muito longas, menos uma, que é muito curta (sou uma mulher de extremos). Meu trajeto para casa é o seguinte: metrô até Itaquera, trem até Guaianazes e trem até Mogi. Pois chegando em Itaquera, eis que a porra da barra da minha saia enrosca nos degraus da escada rolante que começam a puxá-la.
Meu, que desespero constrangedor. A saia sendo engolida pela escada e eu tentando segurar pelo elástico enquanto me abaixava a fim de tentar impedir o inevitável que seria ter a saia abaixada e ficar com o bundão de fora em plena estação Itaquera de trem/metrô. Pensem no absurdo da cena, eu descendo só de blusa (que ainda era curta) e calcinha privativa no meio da estação, desembocando no Poupa Tempo com os botões da saia sendo arrebentados pela escada, enquanto derrubava todas as coisas de minhas sacolinhas porque, é claro, tinha sacolas nas mãos. Foram segundos de pânico.
A minha sorte foi que estava no final da escada e, quando os degraus se desmancharam, terminaram por soltar a minha saia.
Olhei pra trás só pra mostrar bem minha cara para as pessoas que deveriam ter se divertido deveras com meu espetáculo e o tiozinho que estava atrás de mim solta, todo solícito: "nossa, que perigo!" Aposto que estava se mijando por dentro. Merda!

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Coisas de mãe do Marcelo - A Vingança

Tem uma loja de quinquilharias importadas em Mogi na qual adoro ir.
Lá tem uma senhorinha oriental de uma nacionalidade a qual não pude ainda identificar, que é LOUCA pelo Marcelo. É muito engraçado. A gente entra na loja, ele pára nos brinquedos e, em cinco minutos, ela já está em cima dele.
Eu sempre fico de longe, pra poder apreciar melhor a cena: ela se abaixa e fica literalmente agarrada nele, falando muito rapidamente dezenas de coisas numa língua estranha e desconhecida.
Aí o Marcelo começa olhar pra mim com um olhar de "Mãe, por favor, tira essa mulher de cima de mim..." e eu, muito da sardônica, olho, risinho de lado, olhos satíricos, com cara de "Se vira, nego. Não é tão gostosão? Segura que a bucha é tua."
Sei que pode parecer um pouco de maldade da minha parte, inda mais depois de declarar meu AMOR todo por ele no outro post, mas é que é tão legal vê-lo uma vez na vida desconcertado.
Hoje ele irá lá com a minha tia, comprar um presente de aniversário com um dinheirinho que o Jú deu pra ele. Não me conformo de perder a chance de ver aquela maluca pendurada nele. E o engraçado é que, além de ficar abraçada e falando um monte, ela ainda fica pondo um monte de brinquedos na mão dele, não deixando-o ver nada do que ele quer. Se marcar, tá até dando algum de presente e a gente não se liga no dialeto.
É, ser um must tem lá as suas inconveniências.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

ANIVERSÁRIO DO MARCELLOOO!!!!!

7 anos de sem-vergonhice do homem banguelo mais lindo deste mundo todo.
O Marcelo não é só meu filho. Marcelo foi minha salvação, meu eixo. É meu amigo e
a oportunidade divina de me tornar uma pessoa melhor e ao mundo que me cerca.
É meu acalanto.
Graças a Marcelo,
hoje tenho porquês.
Sinto-me abençoada por ele, minha vidinha, meu Anjo comedor de estrelas...

terça-feira, dezembro 14, 2004

Coisas de Marcelo

Fomos a uma exposição de arte no último sábado. Do artista, prefiro esconder o nome por motivos óbvios. Eu, Júlio Castro, William de Oliveira e, claro, o digníssimo Marcelo.
Em meio ao constrangimento (pelo menos meu) de ter de fazer cara de quem está adorando mas, lá no fundo, me perguntando onde é que estava a arte daquilo tudo, Marcelo sai, corredor afora, fazendo suas avaliações:
- Mancha........mancha........................mancha........................(pára, analisa e constata)...isso é rabisco.
Logo à frente, pára entre várias senhorinhas e começa a rir muito. Júlio e Will me mandam ver o que é, eu, morrendo de medo, vou: um desenho anatômico peniano.
Ele então finaliza:
- Vamos seguir em frente, seguir em frente sem olhar pro pênis.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

A REBELIÃO DAS BARATAS

Era uma pessoa boa. Um tanto quanto neurótica, mas boa.
Porém, não foi exatamente por bondade que deixou a barata fugir pelo ralo do banheiro, ajudando-a com uma vassoura. A verdade é que sentia uma abominação tão grande por esta nojeirinha pré-histórica que, o que pudesse fazer para evitar um confronto, seria feito. Neste caso, a saída foi espantar o bicho pelo ralo, não sem claras recomendações de que não retornasse jamais ali, já que não era bem quista naquele imaculado lar.
- Estou te "dando um boi” , heim?
Era assim. Gostava que as coisas ficassem sempre muito bem esclarecidas.
E, sem mais percalços, seguiu a rotina de seu fim de noite: usou o banheiro, tirou as lentes de contato de elevadíssimo grau, deitou-se, leu e dormiu com pensamentinhos míopes.
Lá pelo meio da madrugada acordou de sobressalto; precisava, nova e urgentemente, desfazer-se de suas águas interiores.
Caminhou trôpega até o banheiro e, ao abrir a porta, eis que se depara com o que de mais horrendo (em sua concepção deturpada de horror) poderia haver: em seu belo tapete de crochê, três seres de tamanhos diferentes imprimiam àquela que seria uma cena cotidianamente fisiológica, um cunho medonho de asco e drama.
Poucas vezes na vida se sentira tão indignada com a ingratidão alheia. Apesar de serem seres, em sua totalidade, repugnantes, não poderia imaginar também que as baratas fossem completamente destituídas de caráter.
E saiu, madrugada afora, a gritar impropérios:
- Ingrata!!! É assim que você reconhece a minha benevolência para com o seu ser mediocremente leviano? Eu poupo a sua vida, facilito a sua fuga quando você era uma condenada à morte iminente e você me paga deste jeito, trazendo toda a sua família para criar uma rebelião de ecossistema bem no MEU banheiro? Pois agora você vai ver... (não podia mesmo com a ingratidão)...vai provar, ah vai, o sabor da minha ira.
Afetadíssima, foi buscar o spray de inseticida e...tssss tsss tssss tssss, foi esguichando toda sua revolta naquela mal-agradecida e em suas comparsas em meio a gritos:
- Você vai ver quem sou. Você e suas amiguinhas. MORRAM estupores.
E tssssss, lá ficou até acabar com a lata toda de detefon. Definitivamente, aquilo era uma afronta. Sentia-se ludibriada, subestimada por aquela tentativa animal de confronto à sua pessoa. “Ousadia”, pensou ainda antes de fechar a porta do banheiro e ir ao quintal fazer aquele raio de xixi, que também era uma bosta essa história de ter de ficar indo ao banheiro toda hora e já estava irritada e tudo estava errado mesmo neste mundo, droga! e foi dormir.
No outro dia, pela manhã, o filho acordou antes, como de costume:
- Mamãe, eu vou no banheiro, tá?
Lembrou-se imediatamente do episódio da madrugada anterior e se enfureceu ao pensar na problemática da remoção do corpos.
- Cuidado que tem um monte de baratas mortas lá dentro.
O menino foi.
- Mãe, não tem barata nenhuma lá no banheiro.
- Como não? Saco!! Você pisou. Tira esse chinelo sujo, vai.
Levantou-se esbravejante, colocou as lentes, pegou uma vassoura, a pá, rogou clemência e se encaminhou para o campo de batalha. Teria até se benzido se fosse uma pessoa religiosa.
Chegando ao banheiro, viu no tapetinho os três motivos de toda a sua fúria: três tufos de poeira, provavelmente caídos da vassoura no momento da operação “fuja antes que eu me arrependa”.
Três tufos de poeira. Eis a forma encarnada da desmoralização.

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Tive um domingo maravilhoso com o Marcelo.
Fomos primeiro numa festa muito bacana, cheia de comidas típicas (mundo), feira de artesanato e tcham tcham tcham tcham... um PARQUE DE DIVERSÕES. Fomos na roda-gigante, no barco viking, num outro brinquedo doido lá que ficava girando muito. O Marcelo foi sozinho no pula-pula porque não me deixaram entrar. Acho que estou ficando velha. Sempre gostei de parques mas, era uma brincada e uma água de côco pra restabelecer os sentidos. No Viking eu não tive coragem de erguer os braços como o Marcelo, nem de ficar muito de olhos abertos. Dá muito frio na barriga da gente.
Depois, que dia feliz, fomos ao CIRCO. Foi minha segunda vez, sabem? A primeira foi no ano passado, nesta mesma festa das Nações (é assim que a chamam). Fiquei muito emocionada mas o Marcelo nem lembrava direito, tão irrelevante foi pra ele. O que mais me emocionou da outra vez foi a moça que se enrola numa fita no ar e fica fazendo coisas de maluco lá em cima. Ela tinha uma roupa muito brilhante, prateada, eu fiquei muito comovida de chorar até. Já ontem teve também mas só chorei um pouquinho no começo, antes dela subir, porque ficou tudo meio escuro e pessoas rodando no picadeiro com uns panos brancos, uma cena lindíssima, etérea, onírica. A moça, em si, se enrolou pouco na fita e a roupa dela não era toda brilhante pra embasbacar a gente. Acho que, embora tenha pouca experiência circense, o brilho é tudo num circo.
Quem estiver pensando que eu sou criançona pode saber que sou mesmo. Vê se tem cabimento alguém só ir ao circo com 29 anos de idade? Minha mãe nunca me levou pra fazer nada dessas coisas, me criou dentro de uma redoma de vidro, nem usar sandalinha sem meia eu podia porque ela achava que a corrente de ar nos pés me daria pneumonia. Então eu não usava sandálias na rua, embora amasse as melissinhas, porque tinha vergonha das outras crianças com seus dedinhos de fora. Gozado, em compensação, hoje eu adoro usar minhas melissinhas com meias listradas bem coloridas. De tanto que ela me obrigou a usá-las, acabei pegando gosto por meias (mas só as divertidas).
Ai, isso me valeu umas quatro sessões de psicoterapia. Podem enviar a conta...

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Tenho tantas coisas a dizer...
Mas eu acho que a mais importante é que as pessoas julgam muito mal aos artistas.
Tenho a impressão que o senso comum os vê como irresponsáveis, vida-boa, beberrões. Talves até alguém pense em fazer arte para se sentir livre de algum tipo de amarras, sociais, intelectuais, enfim.
Grave ilusão.
Tenho a dizer, hoje, que a Arte é uma grande prisão.
A arte é uma prisão como qualquer outra, mais ainda pior pois não te dá o consolo da ignorância.
Tenho também a dizer que a minha cabeça é um inferno.
Que não penso como uma pessoa normal deveria pensar, não penso pensamentos, penso versos e prosas. E que eles nunca me deixam.
O artista, o artista é um pobre. Um pobre que pensa que é livre. Mais que pobre, miserável é o artista que se ilude, que imagina que não se prende, como os demais mortais, às normas que regem o mundo que gira. Tolo, tolo. O prisioneiro das idéias é tão escravo quanto o prisioneiro da futilidade. Só que o fútil não pensa, o fútil não mede, o fútil não trama. O fútil
segue. Que beleza poder se deixar levar.
Enquanto isso, o porra do artista se acha especial porque tem que abrir caminho, tem ver além, tem que se embrenhar por onde ninguém nunca foi. E depois tem que tomar na cara, tem que ser rido, tem que sofrer, tem que sentir fome, sentir sede, sentir dor e não poder dormir. Pela Arte que ama.
A Arte é o pior tipo de paixão. É daquelas que te acabam, te chupam, te deixam insano e à mingua. É a paixão-ar a paixão-olhos a paixão-chão. Daquelas que te fazem implorar por mais.
A Arte é uma condenação.

Lição de Economia I

- Mamãe, por que a gente não vende uns gatos?
- Que gatos, Marcelo?
- Ah, esses que ficam na rua. O gato ganha uma casa, e a gente um dinheirinho...

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Coisas de Marcelo e a humilhação no reino animal

Voltando para casa com Marcelo dia desses, passamos por uma casa de cuja escuridão saltou um pit-bull completamente histérico, fazendo um puta de um escândalo no portão.
Passado o susto, Marcelo pára, mede o cachorro de cima a baixo, e ordena:
- Cala a boca, seu poodle.
Ontem tinha um casal no trem muito religioso, estudando uma apostila e tal (e eu nunca imaginei que houvesse neste mundo apostila sobre deus).
Pois ouvi, meio de soslaio, o rapaz comentando:
_ (...) e eu pensei nisto agora porque Deus (o dele tem letra maiúscula), Deus não é brincalhão.

Tá bom. Só se for o dele, porque o meu, é um pândego.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Bodas

Hoje faço aniversário de caminhada com o Jú.
Mais do que a pessoa que Amo, Juá é meu companheiro e meu amigo. Meu eixo.
Dono dos meus olhares e dos meus sorrisos.
Tenho três coisas a declarar:
1a. sou absolutamente apaixonada pelo homem que Amo;
2a. não há uma só palavra que eu tenha dito que realmente esteja a altura do que este Gigante-Homem é para mim;
3o. não o deixo nem nesta vida nem em outra. Nem por decreto divino.

(Jú, Jú, Luazinha Ama você!!!)


Já falei isso no outro post, mas é necessário que se diga novamente: ESTOU VIRADA NO SACI!
Ah, vida... Tô tão irritada, tá tudo tão complicado pra mim de ontem pra hoje. Não que já não o seja sempre, mas está especialmente difícil nestas últimas 48 horas.
E estou deprimida. E com vontade de chorar. E tive uma notícia decepcionante (pra ajudar) agora de pouco.
Nenhum colinho. Nenhum consolo. Nenhum lenço. Nem um dedo feliz fazendo festinha na minha cabeça.
Nenhum...

Poeminha

Bem sei que o endereço dos poemas é outro, mas tô tão assim-assim que hoje posso transgredir.

CALENDÁRIO

"É dia, Amor,
mas chove
mas eis que chove em mim
Há um relógio, há uma lida
há um sol
e hão de haver sorrisos...
e o caminhar incessante do destino
e as estradas, rumando
todas em seu caminho
e eu
no abismo desta solidão
cheia
de silêncios famintos

(...cá dentro, o deserto se fez...)

Que eu veja o mundo
com ouvidos de pássaros
que não se casem as imagens
que não me faça sentido
que tudo seja
- menos
a angústia irrepáravel
de Ser
e não ter Sentido

(...que nestes dias, Amor, cansa-me viver...)"

Andréa Muroni

Coisas de mãe do Marcelo

(Sou louca por pisca-pisca e tudo o mais que brilha, fico fascinada. Na outra encarnação ou fui drag ou índio.)

- Olha mamãe, quanto pisca-pisca.
- Bonito, mas essa árvore não está meio torta, Marcelo?
- Não é uma árvore, mãe (enfado), é uma estrela cadente.

Blog

Meu amado e caro amigo James "Val", está de blog novo. http://contosdetodomundo.blogspot.com.
Um blog enriquecedor, cheio de lindas histórias e dicas para contação. James, além de ator, fazedor de arte e de tudo o mais, é o MELHOR contador de histórias que conheço. Hipnotizante. Ah, ele também é val, de carteira assinada, no restante do tempo. (rsrsrsrs).
Os textos escolhidos são de excelente qualidade literária e beleza. Vale muito a pena dar uma olhada.
(tinha me resolvido a não postar nada esses dias que ando virada no saci - TPM - mas o blog dele me motivou ao contrário.)