sexta-feira, dezembro 03, 2004

Tenho tantas coisas a dizer...
Mas eu acho que a mais importante é que as pessoas julgam muito mal aos artistas.
Tenho a impressão que o senso comum os vê como irresponsáveis, vida-boa, beberrões. Talves até alguém pense em fazer arte para se sentir livre de algum tipo de amarras, sociais, intelectuais, enfim.
Grave ilusão.
Tenho a dizer, hoje, que a Arte é uma grande prisão.
A arte é uma prisão como qualquer outra, mais ainda pior pois não te dá o consolo da ignorância.
Tenho também a dizer que a minha cabeça é um inferno.
Que não penso como uma pessoa normal deveria pensar, não penso pensamentos, penso versos e prosas. E que eles nunca me deixam.
O artista, o artista é um pobre. Um pobre que pensa que é livre. Mais que pobre, miserável é o artista que se ilude, que imagina que não se prende, como os demais mortais, às normas que regem o mundo que gira. Tolo, tolo. O prisioneiro das idéias é tão escravo quanto o prisioneiro da futilidade. Só que o fútil não pensa, o fútil não mede, o fútil não trama. O fútil
segue. Que beleza poder se deixar levar.
Enquanto isso, o porra do artista se acha especial porque tem que abrir caminho, tem ver além, tem que se embrenhar por onde ninguém nunca foi. E depois tem que tomar na cara, tem que ser rido, tem que sofrer, tem que sentir fome, sentir sede, sentir dor e não poder dormir. Pela Arte que ama.
A Arte é o pior tipo de paixão. É daquelas que te acabam, te chupam, te deixam insano e à mingua. É a paixão-ar a paixão-olhos a paixão-chão. Daquelas que te fazem implorar por mais.
A Arte é uma condenação.

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