segunda-feira, novembro 29, 2004

Eduardo Galeano

Estou absolutamente embevecida com o livro Bocas do Tempo, de Eduardo Galeano. São pequenas histórias entrelaçadas de forma muito tênue, temas aparentemente simples, mas deveras profundos.
Um jeito de escrever que tenho buscado de tempos para cá: poucas palavras, linguagem coloquial, porém, cercada de poesia.
É a própria simplicidade.
Os Sete Pecados Capitais
"De joelhos no confessionário, um arrependido admitiu que era culpado de avareza, gula, luxúria, preguiça, inveja, soberta e ira:
Jamais me confessei. Eu não queria que vocês, os senhores padres, gozassem mais que eu com meus pecados, e por avareza os guardei para mim.
Gula? Desde a primeira vez que a vi, confesso que o canibalismo não me pareceu tão mau assim.
É luxúria isso de entrar em alguém e perder-se lá dentro e nunca mais sair?
Aquela mulher era a única coisa no mundo que não me dava preguiça.
Eu sentia inveja, inveja de mim. Confesso.
E confesso que depois cometi a soberba de acreditar que ela era eu.
E quis romper esse espelho, louco de ira, quando não me vi."
(in p. 18: GALEANO, Eduardo. Bocas do Tempo. Porto Alegre: L&PM, 2004. 352 p.)

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